O elemento negro, ao lado da terra e do café, constitui-se num dos alicerces mais importantes de sustentação econômica do Vale do Paraíba. Afinal, desde as duas primeiras décadas do século XIX, quando se deu a implantação da cafeicultura na região e após 1830 quando se tornou a atividade econômica dominante, verificamos o aumento vertiginoso do emprego do braço escravo à medida que a lavoura ocupava os morros do Vale. E mesmo em 1848, dois anos antes de se proibir o tráfico negreiro, ainda tivemos o desembarque de 60.000 cativos!
Ao chegar da África, já na condição de “coisa do senhor”, o negro era integrado à “civilização” através do batismo e do trabalho servil. Trabalho este que podia ser desenvolvido na casa grande ou na lavoura. Mas escravo doméstico ou escravo de eito, o certo que uma dura rotina de trabalho e sofrimento o acompanhariam a partir dos 7 anos e se estenderiam por toda a sua vida.
Terminada a labuta diária, que iniciava-se às 5 horas da manhã e encerrava-se às 17 horas, os negros eram recolhidos à senzala. Nessa construção térrea e retangular, em que homens e mulheres ficavam separados, só existiam algumas camas de palha, tamboretes para sentar e baús, onde cada escravo guardava as duas camisas e duas calças ou saias, que recebia anualmente. Sua dieta diária era muito pobre, geralmente composta de banana, feijão, mandioca, carne seca, angú e abóbora. Qualquer ato de desobediência ou falha no cumprimento das tarefas era suficiente para que o proprietário mandasse castigar o escravo. Mas, muitas vezes, os escravos reagiam contra os maus tratos. Foi o que ocorreu em dezembro de 1862, na então Vila do Embaú, quando o escravo Benedito pôs fogo na casa do seu senhor, Manoel Galvão de Siqueira, e o matou a foiçadas quando ele saiu da casa em chamas. Benedito foi preso e alegou que o patrão havia matado sua esposa barbaramente e tirado com torquês os dentes dele e seus companheiros escravos por terem chupado cana sem autorização. Ele foi condenado à forca, mas acabou morrendo na prisão.
O pior é que nem mesmo com a abolição em 1888, quando foram equiparados jurídico e politicamente aos brancos, os negros não conquistaram o direito de serem cidadão plenos, pois o voto era censitário – somente os que possuíam uma certa renda anual podiam votar e ser votados. E, ironia cruel, a Lei Áurea retirou do negro a sua exclusividade como mão-de-obra, passando o mesmo a ter de concorrer no mercado de trabalho braçal com o branco pobre e com o imigrante recém-chegado. Sem qualificações profissionais distintas da labuta diária da terra, pretendendo assumir plenamente a sua condição de homem livre e se recusando a aceitar trabalhos sob a supervisão direta de outros, que lhe lembrava o trabalho escravo, o negro foi taxado de incapaz e os fazendeiros instalaram uma nova configuração de cor em relação ao trabalho: o negro era associado ao trabalho escravo e o imigrante ao trabalho livre e assalariado. A exclusão social era o legado dos negros após anos de sofrimento e árduo trabalho. Eliminar essa dívida social é um imperativo que se impõe a todos !
Ao chegar da África, já na condição de “coisa do senhor”, o negro era integrado à “civilização” através do batismo e do trabalho servil. Trabalho este que podia ser desenvolvido na casa grande ou na lavoura. Mas escravo doméstico ou escravo de eito, o certo que uma dura rotina de trabalho e sofrimento o acompanhariam a partir dos 7 anos e se estenderiam por toda a sua vida.
Terminada a labuta diária, que iniciava-se às 5 horas da manhã e encerrava-se às 17 horas, os negros eram recolhidos à senzala. Nessa construção térrea e retangular, em que homens e mulheres ficavam separados, só existiam algumas camas de palha, tamboretes para sentar e baús, onde cada escravo guardava as duas camisas e duas calças ou saias, que recebia anualmente. Sua dieta diária era muito pobre, geralmente composta de banana, feijão, mandioca, carne seca, angú e abóbora. Qualquer ato de desobediência ou falha no cumprimento das tarefas era suficiente para que o proprietário mandasse castigar o escravo. Mas, muitas vezes, os escravos reagiam contra os maus tratos. Foi o que ocorreu em dezembro de 1862, na então Vila do Embaú, quando o escravo Benedito pôs fogo na casa do seu senhor, Manoel Galvão de Siqueira, e o matou a foiçadas quando ele saiu da casa em chamas. Benedito foi preso e alegou que o patrão havia matado sua esposa barbaramente e tirado com torquês os dentes dele e seus companheiros escravos por terem chupado cana sem autorização. Ele foi condenado à forca, mas acabou morrendo na prisão.
O pior é que nem mesmo com a abolição em 1888, quando foram equiparados jurídico e politicamente aos brancos, os negros não conquistaram o direito de serem cidadão plenos, pois o voto era censitário – somente os que possuíam uma certa renda anual podiam votar e ser votados. E, ironia cruel, a Lei Áurea retirou do negro a sua exclusividade como mão-de-obra, passando o mesmo a ter de concorrer no mercado de trabalho braçal com o branco pobre e com o imigrante recém-chegado. Sem qualificações profissionais distintas da labuta diária da terra, pretendendo assumir plenamente a sua condição de homem livre e se recusando a aceitar trabalhos sob a supervisão direta de outros, que lhe lembrava o trabalho escravo, o negro foi taxado de incapaz e os fazendeiros instalaram uma nova configuração de cor em relação ao trabalho: o negro era associado ao trabalho escravo e o imigrante ao trabalho livre e assalariado. A exclusão social era o legado dos negros após anos de sofrimento e árduo trabalho. Eliminar essa dívida social é um imperativo que se impõe a todos !
Fonte pesquisada em 11 de junho 2011 http://migre.me/51Xv1
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