1.4. Violência e castigo
A escravidão esteve sempre associada à violência, pois esta área era a única maneira de motivar um trabalho obrigatório. Os castigos tinham, assim, dupla finalidade: incentivar a produção e impedir rebeliões e fugas. A intensidade da punição dependia da falta cometida pelo escravo, sendo que os castigos mais severos eram aplicados para servir de exemplos e impedir novas “rebeldias”.
Os escravos trabalhavam de 15 a 18 horas diárias, em atividades repetitivas e cansativas sempre sob a vigilância do feitor, que organizava o trabalho e aplicava os castigos. Devido ao excesso de trabalho e castigos, a vida útil dos escravos não ultrapassava dez anos.
[...] Quase, receio exprimir o modo desumano e impiedoso que se usa para com esses desgraçados cativos, pois, ainda mais do que compaixão, despertam repulsa. Eram de tal forma torturados no trabalho assíduo que lhes era marcado que, ainda quando o mesmo excedia suas forças, se alguém ousasse de executar, no tempo prescrito, o que havia sido determinado, era amarrado e garroteado, na presença de todos os outros escravos reunidos, e o feitor ordenava ao mais forte e vigoroso escravo, que desse, sem interrupção, no faltoso, duzentas a trezentas chicotadas, desde a planta dos pés até a cabeça, de sorte que ousassem gritar ou gemer, sob a pena de receber em dobro.[...].(MOUREAU E BARO. 1999, p. 34-5)
Os escravos que tentavam fugir eram marcados a ferro como o “F” de fujão, recebiam açoites nos troncos (50 a 100 golpes por dia) e eram condenados a usar uma correntes de ferro no pescoço (gargalheira) para impedir novas tentativas de fuga. Os que tentavam (e principalmente quando conseguiam) assassinar feitores, senhores e seus familiares, recebiam normalmente a pena de morte por enforcamento.
Várias outras formas de castigo eram aplicadas, tais como o bacalhau (chicote), a palmatória, a máscara de ferro (para impedir que ele comesse durante o trabalho), golinha (argola que prendia o escravo pelo pescoço a um poste), a peia (ferro ou madeira que prendia os pés e mão dos escravos), correntes, algemas, casas de tronco e o pelourinho.
Além da violência física, os africanos sofriam uma profunda agressão à sua cultura. Arrancados de seu meio natural e social, atirados em uma terra de língua, religião e hábitos desconhecidos, os africanos encontravam todas as dificuldades para manter sua identidade cultural. Conservar suas tradições era uma forma de resistir à violência e dominação dos brancos. (Lima, 2005, p. 2004).
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